segunda-feira, 25 de outubro de 2010

O famoso sistema Android dando o que falar

Foi publicado na Info:

Irado, Steve Jobs detona o Android

Aconteceu. Num acesso de raiva, Steve Jobs descarregou todo o seu ódio em relação ao sistema Android, que ameaça cada vez mais o iPhone.

Inesperadamente, o presidente da Apple entrou na entrevista coletiva que era dada por telefone a jornalistas, para discutir o faturamento da companhia no terceiro trimestre deste ano. O áudio está disponível no YouTube, mas a transcrição em português pode ser lida logo abaixo.

Algumas das posições de Jobs soam um tanto estranhas. Ele diz, por exemplo, que o que vem primeiro à cabeça quando alguém pensa em sistema “aberto” é o Windows. Também tenta mostrar que a discussão sobre o Android ser aberto e o iOS, fechado não passa de uma desculpa. Para Jobs, o modelo da Apple, onde tudo está integrado, é superior ao do Google – “muito, muito fragmentado” – para os consumidores.

Uma coisa é certa. As ativações de smartphones com Android explodiram nos últimos meses. Não são poucas as pesquisas que indicam um aumento nas vendas, principalmente nos Estados Unidos. E não vai demorar muito para que o Android ultrapasse o iPhone. Segundo o Gartner, isso ocorrerá ainda neste ano. Veja, abaixo, o que disse Jobs:

“(…)Nós ativamos 275 mil aparelhos com iOS por dia em média no último mês, com um pico de 300 mil aparelhos por dia em alguns dias. E a Apple tem 300 mil aplicativos na sua App Store.

Infelizmente não há dados sólidos sobre quantos aparelhos com Android são produzidos a cada trimestre. Esperamos que os fabricantes comecem em breve a reportar a quantidade de equipamentos com Android que são entregues às lojas a cada trimestre, mas hoje isso não acontece. O Gartner afirmou que 10 milhões de aparelhos com Android foram despachados no último trimestre E agora esperamos para ver se o Android ou o iPhone serão vencedores no trimestre mais recente.

O Google caracteriza o Android como aberto e o iOS e o iPhone como fechado. Nós achamos que isso é um pouco ingênuo. A primeira coisa que deve nos vir à cabeça quando ouvimos a palavra “aberto” é o Windows, que está disponível em uma variedade de aparelhos. Diferentemente do Windows, no entanto, em que vários PCs têm a mesma interface de usuário e rodam os mesmos aplicativos, o Android é muito fragmentado. Muitos fabricantes de Android, incluindo os dois maiores, HTC e Motorola, instalam interfaces de usuário proprietárias, para se diferenciarem de uma experiência comum com Android. Compare com o iPhone, em que cada aparelho trabalha do mesmo jeito.

O cliente de Twitter TwitterDeck (sic) lançou recentemente seu aplicativo para Android. Eles afirmaram que tiveram de lidar com mais de 100 versões de software do Android em 244 aparelhos. As múltiplas interações de hardware e software trazem um enorme desafio para os desenvolvedores. Muitos aplicativos para Android só funcionam em alguns equipamentos selecionados, que rodam determinadas versões do sistema. E isso para aparelhos móveis fabricados há menos de um ano. Compare com o iPhone, que tem duas versões do software – a atual e a anterior – para se testar.

Além da loja de aplicativos do Google, Amazon, Verizon e Vodaphone anunciaram que vão todas criar lojas de aplicativos para o Android. Haverá no mínimo quatro lojas de aplicativos para Android, que os consumidores deverão vasculhar para achar o que procuram. E os desenvolvedores vão ter que trabalhar com elas para distribuir seus aplicativos e serem pagos por eles. Será uma bagunça para usuários e desenvolvedores. Compare isso com a App Store integrada da Apple, que oferece aos usuários a loja mais fácil de usar no mundo, e já vem instalada em todos os iPhones. A App Store da Apple tem três vezes mais aplicativos do que a do Google. E oferece aos desenvolvedores uma solução simples para conseguir fazer seus aplicativos chegarem ao mercado facilmente, além de receberem por isso sem complicação alguma.

Vejam, ainda que o Google estivesse certo e o problema real fosse fechado versus aberto, vale lembrar que os sistemas abertos nem sempre vencem. Veja a estratégia usada pela Microsoft para música, que usa o modelo do PC, que também é usado pelo Android, separando os componentes de software dos de hardware. Mesmo a Microsoft abandonou essa estratégia aberta e optou pela solução da Apple com o seu tocador Zune. Infelizmente, eles deixaram todos os fabricantes na mão nesse processo. O Google tentou a mesma coisa com o seu smartphone Nexus One.

Na realidade, achamos que o argumento de livre contra fechado é só uma cortina de fumaça. Isso tenta esconder o real problema, que é seguinte: O que é melhor para os consumidores? Fragmentado contra integrado. Achamos que o Android é muito, muito fragmentado, e está ficando mais fragmentado a cada dia. E, como vocês sabem, a Apple prefere o modelo integrado, para que o usuário não seja forçado a se transformar no integrador do sistema. Vemos uma tremenda vantagem em deixar a Apple, e não nossos usuários, como a responsável pela integração do sistema. Achamos que essa é uma incrível vantagem da nossa abordagem quando comparada com a do Google.

Vendemos para os usuários aparelhos que simplesmente funcionam. Achamos que o que é integrado vai superar o que é fragmentado sempre. E achamos também que nossos desenvolvedores podem inovar mais se estiverem voltados para uma única plataforma em vez de terem de lidar com uma centena de variações. Eles podem dedicar o seu tempo a criar novas funcionalidades, em vez de ficarem testando em centenas de aparelhos. Estamos comprometidos com essa visão integrada, por mais que o Google tente nos caracterizar como fechados. E estamos confiantes de que isso vai resistir em relação à abordagem fragmentada do Google, por mais que eles se qualifiquem como abertos.”

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